domingo, 21 de outubro de 2007

AS DORES DO MUNDO


Durante muito tempo eu acreditei que o nosso caminho era traçado, predominantemente, por tudo que construímos de experiências e vivências, e que só precisaríamos nos moldar às contingências e às vicissitudes que a vida nos impõe. Palavras como destino e sorte não passavam de quimeras e devaneios e que deveríamos de tudo fazer para alcançarmos a felicidade plena. Ledo engano! A vida nos prega peças e nos deixa feridas que jamais saram e quando saram deixam cicatrizes que carregamos no corpo como tatuagem. A confiança perdida jamais é recuperada e quem ontem caminhava ao nosso lado, hoje pode muito bem estar do outro lado do muro das aflições a nos atormentar. Estamos presos a um mundo cruel e vivendo no meio de feras, e, como dizia Augusto dos Anjos, poeta pré-modernista, acabamos por “sentir necessidade de também ser fera, pois a mão que afaga é a mesma que apedreja”. Não mais se pode acreditar numa verdade que se nos parece transparente. Se bem que não se possa falar em verdade, e sim, em verdades. Penso como Schopenhauer, ao afirmar que “o sofrimento é a essência da existência humana”, condição sine qua non de quem passa por esse mundo, e portanto, sendo a vida sofrida por natureza. Nesse sentido, somente a forma como a dor se nos apresenta é que seria acidental, contingente. Vivemos entre a dor e o tédio, pois, segundo o autor de O Mundo Como Vontade e Representação, “depois de o homem colocar todas as dores e tormentos no inferno, não sobrou mais nada para o céu a não ser tédio”. Ele vai mais além, ao afirmar que o universo é tão fortemente governado pelo sofrimento que o cristianismo não pode sequer representar a si mesmo a não ser por meio de um símbolo de tortura. O próprio mundo é o tribunal do mundo, e, como diria Sartre, “somos condenados a ser livres”. Mas tudo tem o seu lado bom, aliás, ouvi dizer que até o sofrimento e a dor têm seu lado bom. Justamente quando vem o alívio por acabarem de nos atormentar, de nos afligir. Muitos já se fizeram esta pergunta: Como pode o mundo conviver com tanto sofrimento? Há um Deus a nos acompanhar? Albert Camus, no alto de sua sabedoria, dizia não poder existir um Deus que seja só amor e providência, pois, se assim o fosse, necessariamente, haveria de ser surdo e mudo para não atender aos apelos dos aflitos.
De qualquer forma, estamos vivendo nos dias atuais e de forma mais intensa, o eterno embate entre natureza e cultura, onde o egoísmo se divide em instinto de conservação e instinto de aperfeiçoamento e que pode ser assim resumido: Existia um homem natural; dentro desse homem introduziram um homem artificial; e, dentro da caverna, iniciou-se uma guerra que dura a vida inteira! Hegel, em A Razão na História, afirma de forma categórica: “o estado de natureza é, antes, o estado de injustiça, da violência, do instinto natural desenfreado, das ações e dos sentimentos desumanos!” E convivamos com esse estado de coisa!

Luis Guilherme M. Gaya

4 comentários:

Mayara disse...

OI LUIZ!
QUE LINDO ISSO, AMEI!
PENA QUE TUDO ISSO SEJA VERDADE...MAS JAMAIS DEVEMOS ESQUECER QUE ACIMA DE TODAS AS DORES DO MUNDO EXISTE UM REMEDIO MARAVILHOSO: JESUS! SÓ ELE É CAPAZ DE CURAR TODAS AS FERIDAS!
SEU BLOG TÁ SHOW!!!
BJO QUERIDO

Hélcio Brasileiro disse...

Tá muito legal o blog!
Muito legal mesmo!
Linka o meu tb. www.fundamentalconteudo.com

Abs

Aconteceu Aqui. disse...

Oi Luiz..

olha..acredito que Todos possuem uma cicatriz no coração por algo que sofreram no passado. Não ter nenhuma significa ser uma pessoa com a alma incompleta *-*

Adorei..o seu blog...muito bom..
você tem talento...e sipamtia também...hhihihihi

bjsssss

Marcelo disse...

Acredito que o sofrimento e a Alegria Caminham juntos, infelizmente o sofrimento é constantemente lembrado pelo homem, já os momentos felizes em sua maioria ficam para trás e caem no esquecimento.

Mas podemos reverter essa sitiuação.

Linka o meu brother...

http://usinamusical.blogspot.com

Abraço!