quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O SANFONEIRO CLEMENTINO MOURA


Um pouco sobre o forró:

O Forró , na verdade, são vários gêneros musicais do nordeste brasileiro. Possui origem mestiça. Entre os vários ritmos diferentes que são comumente identificados como Forró destacam-se o Baião, o Coco, o Rojão, a Quadrilha, o Xaxado e o Xote.
Possui semelhaças tanto com o Toré e o arrastar dos pés do índios quanto com os ritmos binários portugueses e holandeses, com o balançar dos quadris dos africanos. A dança do forró têm influência direta das danças de salão européia.
O forró é especialmente popular nas cidades de Juazeiro do Norte, Caruaru, Mossoró e Campina Grande, onde é símbolo, no mês junho, da Festa de São João, e em algumas capitais do nordeste, como Fortaleza, Aracaju, Natal e Recife, onde são promovidas grandes festas que duram a noite toda. Forró também é a designação dada a estas festas que acontecem em casas de show.

A origem do nome:

O termo Forró, segundo o mestre potiguar Luis da Câmara Cascudo, notável estudioso das manifestações da cultura popular no Brasil, vem da redução da palavra forrobodó, que significa, além de arrasta-pé, farra, confusão, desordem. É freqüente associar-se a origem da palavra forró à expressão americana for all (para todos), como um anglicismo.
Para essa versão foi construída uma engenhosa estória: no início do século XX, os engenheiros britânicos, instalados em Pernambuco para construir uma ferrovia, promoviam bailes abertos ao público, ou seja for all. Assim, for all passaria a ser, no vocabulário do povo nordestino, forró (a pronúncia mais próxima). Outra versão da mesma estória substitui os ingleses pelos norte-americanos e o Pernambuco do início do século XX pela Natal/RN do período da II Guerra Mundial, quando uma base militar norte-americana foi instalada naquela cidade.

Clementino Moura:

O sanfoneiro CLEMENTINO MOURA DA SILVA, nasceu em Capistrano, interior do Ceará, no dia 14 de novembro de 1945, filho de Francisco Ozano de Moura e de D. Maria Carlota da Silva.
Teve quatro irmãos e desde cedo, por influência do pai, que tocava sanfona de 8 baixos e de dois irmãos, Tonho e Francisquinha, já mostrava inclinação para a música, sobretudo o forró pé-de-serra, xote e baião.
Músico autodidata, Clementino Moura ganhou sua primeira sanfona do pai, Francisco Ozano, no início dos anos sessenta, por ocasião de um aniversário em sua casa, quando teve a oportunidade de dedilhar o instrumento do tocador contratado para animar a festa.
Passou a acompanhar os solos de Luiz Gonzaga, Chico Justino, Zé Calixto e outros sanfoneiros da época através da Rádio Tupinambá de Sobral e de LPs.
Com a morte dos pais, Clementino Moura, ainda menor de idade, veio para Fortaleza, acompanhando uma caravana do Palhaço Garrafinha, que havia feito uma apresentação em sua cidade natal.
No início a dificuldade foi grande e até fome chegou a passar. Apresentava-se com os músicos da caravana aos finais de semana e diante das privações acabou por ir procurar a irmã Zezinha, que morava em Fortaleza, no Bairro Otávio Bonfim.
Chegou a ser evangélico e, em seguida, passou a fazer apresentações na Praça do Ferreira e em circos pela capital interior, ao lado de um grupo musical.
Esteve em São Paulo, onde no Forró do Zé Nilton, na Mooca, e no Forró do Pedro Sertanejo, conheceu Dominguinhos, Oswaldinho, Zé Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, que exerceram grande influência em sua carreira.
Em Fortaleza, depois de muitos anos, após conhecer bem a cidade, foi taxista. Em 1974, ingressou na Polícia Militar do Ceará, onde por muito tempo, integrou a banda de música da corporação. Tocou com o irmão, Otílio Moura, também músico, com quem fez apresentações na capital e interior do Ceará e inclusive chegou a gravar um CD.
Sobre o forró que hoje está em evidência, o chamado forró eletrônico, criado por Emanoel Gurgel, Clementino Moura diz que não há muita qualidade e que as bandas acabam por ser repetitivas demais. “Hoje todo mundo canta”, afirma o sanfoneiro, porém sem talento e qualidade. “Para o músico saber cantar tem que ouvir muito um Jackson do Pandeiro”, complementa em seguida.
Sobre o futuro do forró autêntico, genuíno, Clementino Moura diz haver muito sanfoneiro bom e que a nova geração deverá dar prosseguimento a arte de tocar sanfona, inclusive destacando uma orquestra de sanfona criada no Ceará.
Em relação à pirataria no mercado de CDs, Clementino Moura, diz haver mercado para todo mundo, inclusive em seus shows vende os CDs com seu trabalho e arrecada uma boa importância. Vende e faz sua divulgação.
Jamais chegou a receber direitos autorais por suas composições devido ao excesso de burocracia. A Ordem dos Músicos, segundo ele, é outra entidade que cobra dos associados ou não-associados e não presta uma assistência de qualidade.
A diferença entre Sanfona e Acordeon é que, na primeira, se tem o fole de botão, e no Acordeon se tem o teclado. No sul do país, tudo é chamado de gaita.
Clementino Moura já dividiu o palco com Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Maestro Chiquinho, Adolfinho, Zé Calixto, Geraldo Correia, e outros. Ao longo de sua carreira, gravou 3 LP’s e 9 CD’s e faz apresentações aos finais de semana, de quinta à domingo, na capital e interior do estado.



Luis Guilherme

Nenhum comentário: