sábado, 20 de outubro de 2007

COMUNICAÇÃO DE MASSA


O Homem sempre buscou interagir com seus semelhantes e isso o distingue dos demais seres que habitam o nosso planeta. A comunicação sempre se fez presente, quer de maneira insipiente, quer de maneira mais elaborada, com recursos da tecnologia. A invenção do alfabeto, há mais de dois mil anos, possibilitou uma transformação qualitativa na comunicação e produziu uma cultura acumulativa baseada no conhecimento, fundamento para o desenvolvimento da ciência como hoje a conhecemos, e na integração dos vários modos de comunicação - escrita, oral e audiovisual. O século XX tem um papel primordial no desenvolvimento da comunicação baseada em grandes audiências, na heterogeneidade, a chamada comunicação de massa, com a revolução das mídias de comunicação audiovisual - primeiro o cinema e o rádio, depois a televisão - que fizeram quase que desaparecer a influência e a importância da comunicação escrita para a maioria das pessoas. As frustrações de grupos intelectuais contra a influência da televisão e do cinema, ainda hoje dominantes entre os críticos da comunicação de massa, têm seus fundamentos nessa tensão entre a "nobre e elitizada" comunicação alfabética e a comunicação do senso comum posta às multidões. A televisão, principalmente, tem sido o meio predominante para a chamada comunicação de massa. Nesse sistema de comunicação uma mensagem similar é simultaneamente transmitida de poucos centros emissores para uma audiência de milhões de receptores. Existe a chamada síndrome do menor esforço, que parece estar associada à televisão como mídia. As condições de estilo de vida também poderiam explicar a rapidez e a penetração que a televisão conquistou tão logo apareceu. A poderosa presença de provocantes mensagens subliminares, com uso de sons e imagens, pode levar a crer que a televisão tenha um poder de produzir impactos dramáticos no comportamento social. A maioria das pesquisas aponta para uma conclusão diferente. Após cinco décadas de pesquisas sistemáticas, a conclusão é que a audiência da comunicação de massa não é indefesa e a mídia não é tão “toda poderosa”. A comunicação de massa, como um todo, ocorre num só sentido e a comunicação real depende da interação entre o emissor e o receptor na interpretação da mensagem. Uma das conseqüências dessa análise é que não existe uma Cultura de Massas, no modo imaginado pelos críticos da comunicação de massa, porque esse modelo compete com outros elementos (constituídos por vestígios históricos, cultura de classe, educação, enfim, o que se entende por Cultura). O embate entre Natureza e Cultura já está definido e agora estamos entrando realmente numa nova era que deverá ser marcada pela autonomia da Cultura e da comunicação de massa. O padrão de relacionamento, estabelecido no início da Idade Moderna e associado com a Revolução Industrial e o triunfo do racional, foi a dominação da Natureza pela Cultura, fazendo a sociedade sair do processo de trabalho pelo qual a humanidade encontrou sua liberação das forças naturais e acabou presa aos seus próprios abismos de opressão e exploração.É por isso que a informação é primordial em nossa organização social e o motivo porque os fluxos de mensagens e imagens constituem o encadeamento básico de nossa estrutura social. Não dá para dizer que a história acabou em uma feliz reconciliação da Humanidade consigo mesma. A história está apenas começando, se por história nós compreendermos o momento quando, após milênios de uma pré-histórica batalha com a Natureza, primeiro para sobreviver, depois para conquistá-la, nossa espécie alcançou o nível de conhecimento e organização social que vai nos permitir viver em um mundo predominantemente social. É o começo de uma nova existência e realmente o começo de uma nova era, a era da informação, que deverá ser marcada pela autonomia da cultura face a face com os fundamentos materiais de nossa existência, e o papel da comunicação de massa é essencial para que ocorra essa mudança. Seja na vida dos indivíduos como na da sociedade, mudanças profundas em geral ocorrem como resposta ao sofrimento intenso e a dificuldades insuportáveis que não deixam outra saída. A cada dia que passa, multiplicam-se os sinais de que as pessoas, em todas as partes, estão despertando para este entendimento. Cabe a comunicação de massa, que tem um papel relevante na vida social, fazer chegar a um número maior de pessoas requisitos básico para se melhor viver: a informação, o entretenimento, e uma melhor maneira de ver e entender o mundo ao redor.



Luis Guilherme M. Gaya

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