quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

COMEÇA TUDO DE NOVO NO FUTEBOL CEARENSE

No próximo domingo, no Estádio Castelão, estarão em campo as duas maiores forças, em tese, do futebol cearense, no chamado clássico-rei do futebol alencarino: Ceará x Fortaleza! As duas equipes pisarão o tapete verde do Colosso da Boa Vista com seus uniformes do tempo da fase embrionário do futebol local. As primeiras camisas utilizadas pelas duas agremiações quase já centenárias. O Ceará trazendo a cor lilás, da época do Rio Branco, como cor predominante e o Fortaleza com o alvi-rubro do Stela, além de uma estrela solitária na cor vermelha centrada na altura do peito.
Um fato digno de registro e que resgata as origens do futebol cearense, além de trazer à luz um pouco da história dos dois principais clubes locais. A partida marcará também a volta do Estádio Plácido Aderaldo Castelo, o Castelão, ao circuito futebolístico de 2008 - digo futebolístico porque aquela praça esportiva já foi palco de show musical, há algumas semanas, deixando o gramado com qualidade duvidosa e pouco adequado para o fim a que se destina – já que somente o Estádio da Municipalidade, o Presidente Vargas, estava sendo utilizado, na capital, pelos dois clubes.
Embora se tenha uma rodada no meio de semana, as atenções já se voltam para o grande duelo, o primeiro do ano, em que as equipes estão tecnicamente parelhas, com uma pequena vantagem para o Tricolor do Pici em termos de organização extra-campo.
A equipe comandada pelo técnico Silas Pereira teve a oportunidade de fazer uma pré-temporada na bucólica cidade praiana de Paracuru, inclusive realizando dois amistosos com equipes locais, além de ter realizado uma série de contratações ditas de “peso”, com destaque para o meia Lúcio, o volante Erandir e os atacantes Rômulo e Taílson. Para completar, teve o mérito de manter a base da equipe que terminou o Brasileiro da Série B de 2007 na 5ª posição. Atletas como Paulo Isidoro, Simão, Rogério, Igor, Marcio Azevedo, Tiago Cardoso, Juninho e Preto têm, inegavelmente, condições de vestir a camisa de grandes clubes do futebol nacional. O calendário “avexado” parece ter sido o maior adversário do clube nesse início de competição, uma vez que faltou pernas aos atletas em partidas importantes e que resultaram em uma derrota e dois empates que não estavam nos planos da diretoria e comissão técnica leoninas.
Já o Alvinegro de Porangabussu parece abusar daquilo que mais emperra uma equipe de futebol no Brasil e que tem ocasionado o rebaixamento de grandes forças do futebol nacional: a falta de competência administrativa e profissional. São sempre os mesmos erros que repetidos, ano após ano, deixam claro que não só fatores estruturais, como conjunturais causam o abissal atraso no futebol do Vozão. Sequer uma pré-temporada aconteceu este ano e um simples coletivo só foi acontecer após a vexatória goleada sofrida para o estreante Horizonte, na primeira rodada do Estadual, quando o Ceará foi humilhantemente derrotado por 5 a 1, numa partida que entrou para as estatísticas negras do Alvinegro de Porangabussu.
Esperar que as coisas melhorem apostando nos erros como lição, já parece lugar comum na boca quente do torcedor alvinegra, cansado de constantes humilhações. Tem sido assim ao longo dos últimos anos: disputas internas da cartolagem, muitas contratações erradas, bons valores que deixam o clube por “merrecas”, atletas das categorias de base que são desviados ou negociados a preço de banana e ações trabalhistas que tiram dos cofres do clube o já minguado saldo das combalidas bilheterias.
Para completar o quadro caótico em que se apresenta o Campeonato Cearense de 2008, há um descrédito em relação a arbitragem e um abusivo aumento no valor dos ingresso, o que traz como resultado o crescente afastamento do torcedor das praças esportivas. Hoje sai mais barato assistir a um show de uma banda de forró - a paixão do cearense – que assistir a uma partida de futebol. Começa que em um show de forró, quase sempre são várias bandas se apresentando, com no mínimo seis horas de música, mulher bonita e cerveja gelada, onde todo mundo se dá bem! Ninguém sai perdendo, quando muito empatando! Pagando, dependendo do local e das atrações, de R$ 5,00 a R$ 20,00 por pessoa.
No futebol, o ingresso mais barato sai por R$ 15,00 e o mais caro sai por R$ 30,00, não há um mínimo de conforto, onde paga-se caro por tudo para se beber ou comer e ainda se corre o risco de ver o seu time perder e ainda por cima ser roubado ou agredido na saída dos estádios, sem falar no transporte coletivo disponibilizado de forma reduzida e de péssima qualidade.
Não é uma clara apologia ao esvaziamento do sofrido campeonato cearense, porém, um alerta para aqueles que fazem o futebol na terra de Iracema: repensem e busquem soluções urgentes sob pena de se ter daqui há alguns anos um campeonato somente com a heróica presença da forte e atuante crônica esportiva que, até por dever de ofício, jamais abandona os gramados de futebol!

LUIS GUILHERME

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