
A noite de 11 de março de 1999 foi literalmente negra para muitos brasileiros que tiveram de enfrentar o maior apagão da história do sistema de fornecimento de energia elétrica no Brasil. O caos se estabeleceu sem precedentes e causou transtornos jamais vistos nas principais cidades das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Dias depois do ocorrido, Élio Gaspari, jornalista brasileiro, em artigo intitulado: Na hora das trevas, a luz veio dos radialistas, publicado em vários jornais do país, dentre os quais, O Povo, de Fortaleza, traçou um quadro da vital importância que o profissional do rádio tem para a sociedade e do quanto o rádio, como veículo de comunicação, pode contribuir para manter e estabelecer a ordem e a calma, numa situação de risco, como foi o caso em questão.
Durante as três horas em que grande parte do país ficou na escuridão a população valeu-se do rádio como único veículo de comunicação de massa disponível, afinal, quase todo mundo possui um receptor de pilhas ou bateria, no carro, em casa ou no bolso. Isso muito colaborou para orientar os milhões de brasileiros que buscavam uma luz para chegar em seus lares à salvos.
Esse fato vem mostrar a força da comunicação, a força de um veículo que surgiu para transformar a sociedade. A comunicação se faz presente no meio familiar, na sala de aula, nos estádios, nas câmaras municipais, nas feiras e ruas, enfim, onde houver um grupo de pessoas interagindo haverá comunicação. Não há comunicação sem sociedade, nem sociedade sem comunicação. É uma necessidade básica da pessoa humana e que se confunde com a própria vida.
A necessidade de se comunicar, por ser inerente ao ser humano, logicamente encontra seus primeiros passos com o homem primitivo que, através de grunhidos, gritos e gestos, começa a interagir com seu semelhante, para, em seguida, associar os sons e gestos a certos objetos ou ações e criar os signos lingüísticos que, posteriormente, mediante regras, iriam originar a linguagem, aqui entendida como manifestação oral.
A linguagem oral por apresentar falta de permanência e alcance desperta o homem para a necessidade de fixar seus signos e transmiti-los à distância. É quando surgem primeiramente os desenhos rupestres e posteriormente a escrita. Com o passar dos séculos, o homem sente a necessidade de difundir e perpetuar o que escrevia. Gutenberg, com esse fito, cria a imprensa. Daí em diante, os avanços tecnológicos aceleram-se e surgem, sucessivamente, o telégrafo, o telefone, o rádio, a televisão, o computador e o satélite, para tornar melhor, cada vez mais, a vida do homem.
Em uma sociedade que tem na televisão sua referência em comunicação, com som e imagem do cotidiano quase sempre de maneira instantânea; no telefone ou na internet, a forma de comunicação imediata à curta e longa distância; e no jornal impresso, que oferece análise e aprofundamento no conteúdo da informação, o rádio tem o seu aspecto peculiar que é o imediatismo da informação e a capacidade de falar individualmente com as pessoas. Cada pessoa percebe de maneira diferente a mensagem que é simultaneamente irradiada para milhares, e até mesmo, milhões de ouvintes.
O rádio tem a capacidade de trazer a notícia, a informação, “o mundo”, para dentro de casa, do universo de cada ouvinte. No entender do historiador inglês Eric Hobsbawm, em seus estudos sobre os avanços tecno-cietíficos do início do século XX, “o rádio é uma poderosa ferramenta de comunicação e integração entre os indivíduos”. Trouxe uma revolução na relação do cotidiano das pessoas e na notícia, dando uma velocidade e um significado próprio aos fatos e acontecimentos que emergem nas sociedades.
Com a difusão de uma gama de assuntos de domínio popular, a invenção de Marconi trouxe uma maior integração e possibilidades de discussões de questões comuns aos grupos sociais.
No que tange ao aspecto cultural, a contribuição do rádio é significativa. Pois ele atua absorvendo, inovando e adaptando outras formas de artes e de cultura já existentes. A música, o teatro, o esporte, enfim, o rádio é, por excelência, o grande veículo catalisador e divulgador de diversas formas de manifestações artísticas e culturais.
Por ser o veículo de comunicação de maior penetração no seio da população o rádio operou profundas transformações sócio-culturais. Teve um papel relevante, seja ditando modas, criando estilos, inovando práticas do dia-a-dia, enfim, deixando marcas significativas na sociedade contemporânea. Um exemplo claro se tem aqui no Brasil, onde houve um noticiário radiofônico chamado Repórter Esso, que foi ao ar do início da década de 1940 até o ano de 1968. O programa tinha um mesmo padrão e várias versões em muitos países da América Latina e se caracterizava, no Brasil, por apresentar quatro incursões de cinco minutos cada e por ser apresentado sempre com uma pontualidade ímpar. Logo, as famílias brasileiras criaram o hábito de acertar os relógios e marcar compromissos pelos horários das edições do programa.
Quando surgiu, o rádio foi saudado com grande entusiasmo pela humanidade que viu naquele veículo de comunicação um futuro promissor. No Brasil, o rádio, em sua fase embrionária, teve na figura de Roquete Pinto um grande entusiasta e que anunciava a invenção marconiana com um olhar de profundo otimismo: “Todos os lares espalhados pelo imenso território do Brasil receberão livremente o conforto moral da ciência e da arte (...) pelo milagre das ondas misteriosas que transportam no espaço, silenciosamente, as harmonias.”.
Com o surgimento da televisão, na década de 1950, houve quem desse por acabada a dinastia do rádio. Ledo engano, pois o rádio, até os nossos dias, ocupa o seu lugar de destaque, apesar do surgimento de outras tecnologias e formas de comunicação mais modernas como a telefonia celular, o satélite e a internet, que tornaram o mundo uma verdadeira aldeia global.
O rádio continuará a prestar serviços cada vez mais relevantes e significativos a milhões de pessoas espalhadas pelo mundo. E, sempre que o homem se encontrar nas trevas, em busca de apoio e lenitivo para algum problema, com certeza, vai poder contar com as ondas mágicas que singram os céus do planeta e lançam palavras que, aos ouvidos, soam como o bálsamo da salvação.
Luis Guilherme Moura Gaya
Dias depois do ocorrido, Élio Gaspari, jornalista brasileiro, em artigo intitulado: Na hora das trevas, a luz veio dos radialistas, publicado em vários jornais do país, dentre os quais, O Povo, de Fortaleza, traçou um quadro da vital importância que o profissional do rádio tem para a sociedade e do quanto o rádio, como veículo de comunicação, pode contribuir para manter e estabelecer a ordem e a calma, numa situação de risco, como foi o caso em questão.
Durante as três horas em que grande parte do país ficou na escuridão a população valeu-se do rádio como único veículo de comunicação de massa disponível, afinal, quase todo mundo possui um receptor de pilhas ou bateria, no carro, em casa ou no bolso. Isso muito colaborou para orientar os milhões de brasileiros que buscavam uma luz para chegar em seus lares à salvos.
Esse fato vem mostrar a força da comunicação, a força de um veículo que surgiu para transformar a sociedade. A comunicação se faz presente no meio familiar, na sala de aula, nos estádios, nas câmaras municipais, nas feiras e ruas, enfim, onde houver um grupo de pessoas interagindo haverá comunicação. Não há comunicação sem sociedade, nem sociedade sem comunicação. É uma necessidade básica da pessoa humana e que se confunde com a própria vida.
A necessidade de se comunicar, por ser inerente ao ser humano, logicamente encontra seus primeiros passos com o homem primitivo que, através de grunhidos, gritos e gestos, começa a interagir com seu semelhante, para, em seguida, associar os sons e gestos a certos objetos ou ações e criar os signos lingüísticos que, posteriormente, mediante regras, iriam originar a linguagem, aqui entendida como manifestação oral.
A linguagem oral por apresentar falta de permanência e alcance desperta o homem para a necessidade de fixar seus signos e transmiti-los à distância. É quando surgem primeiramente os desenhos rupestres e posteriormente a escrita. Com o passar dos séculos, o homem sente a necessidade de difundir e perpetuar o que escrevia. Gutenberg, com esse fito, cria a imprensa. Daí em diante, os avanços tecnológicos aceleram-se e surgem, sucessivamente, o telégrafo, o telefone, o rádio, a televisão, o computador e o satélite, para tornar melhor, cada vez mais, a vida do homem.
Em uma sociedade que tem na televisão sua referência em comunicação, com som e imagem do cotidiano quase sempre de maneira instantânea; no telefone ou na internet, a forma de comunicação imediata à curta e longa distância; e no jornal impresso, que oferece análise e aprofundamento no conteúdo da informação, o rádio tem o seu aspecto peculiar que é o imediatismo da informação e a capacidade de falar individualmente com as pessoas. Cada pessoa percebe de maneira diferente a mensagem que é simultaneamente irradiada para milhares, e até mesmo, milhões de ouvintes.
O rádio tem a capacidade de trazer a notícia, a informação, “o mundo”, para dentro de casa, do universo de cada ouvinte. No entender do historiador inglês Eric Hobsbawm, em seus estudos sobre os avanços tecno-cietíficos do início do século XX, “o rádio é uma poderosa ferramenta de comunicação e integração entre os indivíduos”. Trouxe uma revolução na relação do cotidiano das pessoas e na notícia, dando uma velocidade e um significado próprio aos fatos e acontecimentos que emergem nas sociedades.
Com a difusão de uma gama de assuntos de domínio popular, a invenção de Marconi trouxe uma maior integração e possibilidades de discussões de questões comuns aos grupos sociais.
No que tange ao aspecto cultural, a contribuição do rádio é significativa. Pois ele atua absorvendo, inovando e adaptando outras formas de artes e de cultura já existentes. A música, o teatro, o esporte, enfim, o rádio é, por excelência, o grande veículo catalisador e divulgador de diversas formas de manifestações artísticas e culturais.
Por ser o veículo de comunicação de maior penetração no seio da população o rádio operou profundas transformações sócio-culturais. Teve um papel relevante, seja ditando modas, criando estilos, inovando práticas do dia-a-dia, enfim, deixando marcas significativas na sociedade contemporânea. Um exemplo claro se tem aqui no Brasil, onde houve um noticiário radiofônico chamado Repórter Esso, que foi ao ar do início da década de 1940 até o ano de 1968. O programa tinha um mesmo padrão e várias versões em muitos países da América Latina e se caracterizava, no Brasil, por apresentar quatro incursões de cinco minutos cada e por ser apresentado sempre com uma pontualidade ímpar. Logo, as famílias brasileiras criaram o hábito de acertar os relógios e marcar compromissos pelos horários das edições do programa.
Quando surgiu, o rádio foi saudado com grande entusiasmo pela humanidade que viu naquele veículo de comunicação um futuro promissor. No Brasil, o rádio, em sua fase embrionária, teve na figura de Roquete Pinto um grande entusiasta e que anunciava a invenção marconiana com um olhar de profundo otimismo: “Todos os lares espalhados pelo imenso território do Brasil receberão livremente o conforto moral da ciência e da arte (...) pelo milagre das ondas misteriosas que transportam no espaço, silenciosamente, as harmonias.”.
Com o surgimento da televisão, na década de 1950, houve quem desse por acabada a dinastia do rádio. Ledo engano, pois o rádio, até os nossos dias, ocupa o seu lugar de destaque, apesar do surgimento de outras tecnologias e formas de comunicação mais modernas como a telefonia celular, o satélite e a internet, que tornaram o mundo uma verdadeira aldeia global.
O rádio continuará a prestar serviços cada vez mais relevantes e significativos a milhões de pessoas espalhadas pelo mundo. E, sempre que o homem se encontrar nas trevas, em busca de apoio e lenitivo para algum problema, com certeza, vai poder contar com as ondas mágicas que singram os céus do planeta e lançam palavras que, aos ouvidos, soam como o bálsamo da salvação.
Luis Guilherme Moura Gaya
2 comentários:
a importancia do diálogo seja em que instancia for é sempre primordial. o radio tem esse espaço na sociedade na familia, nas pessoas......
parabens ao Luiz Guilherme por essa feliz ideia...essa integração com o publico....poder ouvi-las.. fazer esse canal de reflexão. é muito importante. os granges movimentos mundiais com certeza começaram com diálogo.
PARABENS!!!!!!
Obrigado pelas palavras Geni. Fico feliz por ter gostado e sempre que quiser fique à vontade para fazer comentários. Com certeza, eles serão bem aceitos. Grande beijo querida!
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